Seminário discute liberdade religiosa
Representantes de diversas religiões estão participando do seminário. Foto: Cleidiana Ramos
Hoje o Mundo Afro manda suas saudações diretamente da bela cidade do Rio de Janeiro. Estou aqui participando do Seminário Nacional sobre Proteção à Liberdade Religiosa. O encontro tem como principal objetivo ouvir a sociedade civil sobre o Plano Nacional de Proteção e Promoção da Liberdade Religiosa que o governo pretende encaminhar para regulamentação do Congresso.
O encontro, que vai até o final da tarde de amanhã, é organizado pela Seppir em parceria com a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e conta com o apoio da Pontífícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e da Rede Globo.
Hoje a cerimônia de abertura reuniu representantes da Igreja Católica, de denominações evangélicas, candomblé, judaísmo, islamismo e outras religiões.
O minstro Edson Santos, titular da Seppir, destacou em seu pronunciamento que o princípio de laicidade do Estado brasileiro não o impede de se manifestar contra atos que confrontam a Constituição como é o caso da intolerância religiosa.
“O Estado é laico, mas não é neutro em questões que dizem respeito à democracia e à liberdade. O Estado brasileiro, orientado pela nossa Constituição, tem condição de coibir qualquer ato, medida ou tentativa que vise impedir um determinado segmento da sociedade brasileira de se expressar e se localizar com liberdade em nosso País”.
O ministro também disse que o governo brasileiro tem uma dívida histórica com as religiões de matrizes africanas, pois foi o promotor de várias agressões sofridas por elas. O subsecretário de Políticas para as Comunidades Tradicionais da Seppir, Alexandro Reis, contou que outros encontros serão realizados na Bahia, Pernambuco, Maranhão, Pará e Rio Grande do Sul.
“Nestes locais há forte presença das religiões dos chamados povos tradicionais”, completou. Um dos depoimentos mais emocionantes da primeira parte do encontro foi o de Mãe Beata de Iemanjá. Ela fez uma homenagem a várias mulheres negras que já partiram deste mundo, dentre as quais Mãe Regina Bamboxé falecida na semana passada.
A família Bamboxé é uma das mais tradicionais do candomblé baiano e está diretamente ligada à fundação da Casa Branca. Em Salvador seu representante mais conhecido é o babalorixá Air José, do Pilão de Prata.
Amanhã faço parte do grupo de palestrantes do painel Meios de Comunicação e Respeito à Liberdade Religiosa.Uma outra novidade que fiquei sabendo durante um dos intervalos das palestras é que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), órgão da Igreja Católica, está formando um grupo de trabalho em parceria com sacerdotes e sacerdotisas das religiões de matrizes africanas para aprimorar o diálogo entre estas duas denominações religiosas.
“Nós temos um histórico de boas relações entre estas duas religiões. Isto é reforçado no lado católico pelos Agentes de Pastoral Negros e pela Pastoral Afro”, destacou o secretário executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz da CNBB, Carlos Moura. As discussões para a formação deste grupo interreligioso começaram, segundo Moura, há quinze dias durante um encontro dos bispos em Brasília.
Nenhum comentário:
Postar um comentário